20.11.13

10.11.13

Mário Viegas nasceu para o Teatro e cá anda!


Actor. Recitador. Encenador. Poeta. Cidadão. Solitário. Menino. Coerente. Seriedade. Exigente. Excessivo. Reinventor da perfeição. Apontador de injustiças. Pessoa sem medo.

Adoptou o slogan O sonho ao poder quando, em 1995, se candidatou à Presidência da República... para 'Dizer'.

biografia (10.11.1948 - 1.4.1996) e o documentário da RTP, no ar pela primeira vez a 25.10.2012, são obrigatórios para conhecer um pouco da sua vida. Fala-se da sua capacidade de dizer, de fazer, de ser. 
Um blogue fala de si e da sua obra.

O Museu Nacional do Teatro dedicou-lhe, em 2001, a exposição «Um rapaz chamado Mário Viegas».
Participou em quinze filmes. Mário Viegas no IMDb.

Ninguém diz o «Manifesto Anti-Dantas» como Mário Viegas! Esta versão, inclui uma leitura por Almada.

E fez um «Manifesto anti-cavaco», muito actual

E disse «Domingo» de Manuel da Fonseca.
E disse «A Flober», «Exageros», «Rifão quotidiano», «Carreirismo» de Mário Henrique-Leiria.
E disse «Tabacaria», de Álvaro de Campos.
E disse «A cena do Ódio», de Almada Negreiros.
E disse José Afonso.
E disse Jorge de Sena.
«Ais»!

Viveu para o teatro.

E, «como cidadão faz falta!», diz Lia Gama.
Como Álvaro, que também nasceu neste mesmo dia, há 100 anos.

Álvaro Cunhal, 100 anos de vida


Portugal seria diferente sem Álvaro Barreirinhas Cunhal? Sem dúvida!
Por que motivo? «recusou ser comum», para usar o título de uma revista que evoca a efeméride.

Quando, em 1992, faz o último discurso como Secretário-Geral do PCP, diz: «Passei uma dúzia de anos na prisão, 11 seguidos e oito completamente isolado numa cela, isto é muito duro mas houve companheiros meus que estiveram mais de 20 anos presos. Fui torturado quase até à morte, mas o certo é que houve alguns mortos na tortura, porque se recusaram a fazer declarações. Estive mais de 10 anos clandestino, mas houve camaradas meus que estiveram mais de 20, mais de 30, a ser perseguidos pela polícia, sem nunca desistir da luta pela liberdade em Portugal.»

José Pacheco Pereira revisita a biografia aqui.

O filme oficial «Vida, pensamento e luta» aqui fica também, tal como o site Álvaro Cunhal - Centenário.

E o documentário da TVI - Álvaro Cunhal 100 anos.

Ficam aqui algumas notas, sugestões de textos, imagens, músicas, no dia centenário do seu nascimento.

Associa-se o 'segundo' Hino do PCP - que sempre me arrepiará - pela força e esperança que integra: música de Luís Cília (1967), voz de Luísa Basto.

- Para ver alguns dos seus desenhos, e um bem diferente:
- Sobre a pintura, o video possível (2013) que conhecemos;

- Um conto infantil, que deu lugar ao filme de animação «O barrigas e os magriços», disponível na Comissão de Comemoração do centenário;

- Para ler, alguns artigos antes do início e durante a 2.ª Guerra Mundial, no jornal O Diabo em 1939: «Um certo tipo de intelectuais» e «Um problema de consciência»; e um outro, já de Janeiro de 1940: «Aviso Prévio»;

- Para ler, diversas entrevistas ao Expresso (de 1974 a 2003) e uma fotogaleria na mesma edição;

- Para ver: a fuga de Peniche (documentário) e a chegada a Lisboa, após 25 de Abril de 1974; e, o célebre debate televisivo... «olhe que não, olhe que não...», realizado a 6 de Novembro de 1975 entre Álvaro Cunhal e Mário Soares;

- Para ver na Biblioteca Nacional, até 31 de Dezembro, a mostra «Álvaro Cunhal (1913-2005): a pena, o pincel, o punho» e no Arquivo Nacional/Torre do Tombo: História de um gordo chinês que estava de barriga para o ar

- Para ler, quando apetecer, o romance mais conhecido - mas há muitos outros - sob pseudónimo Manuel Tiago:
que também deu o filme homónimo. 
Acerca de outro filme, baseado noutra sua novela:

- Catarina Pires, que fala aqui, de «O meu Álvaro Cunhal», dá-nos outra imagem do Homem, entre 1997 e 1999:
- Uma entrevista com a filha Ana Cunhal (2010), na qual se descobre que cozinhava e bem - e a carta à irmã Eugénia (1966), dolorosa;

E aqui fica também o selo comemorativo do centenário de nascimento, dos ainda CTT:

... e um blog a explorar.

«O homem é ele próprio e as suas circunstâncias» dizia Ortega y Gasset. 
Álvaro Cunhal, que dedicou a vida a dar um novo sentido a esta frase, lutando para que todos tivessem circunstâncias que lhes permitissem ser aquilo que quisessem, contrariou-a. Escolheu o caminho mais difícil. O único possível. Nunca se arrependeu. E foi feliz.» in JN

Gostava de o ter conhecido, como a Carlos Paredes e Zeca Afonso. Mas a morte sempre sai à rua... E, contudo, ELES ESTÃO AQUI!

6.11.13

Dia de Sophia

fotografia: Centro Nacional de Cultura

A 6 de Novembro de 1919 nasceu Sophia de Mello Breyner Andresen, que nos deixou - para a eternidade - beleza em tudo o que escreveu.
Fica aqui «A menina do mar» e alguns poemas.

capa de Sarah Affonso, 1958

2.11.13

«E Alegre se Fez Triste», por Janita Salomé

E alegre se fez triste

Aquela clara madrugada que
viu lágrimas correrem no teu rosto
e alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno Agosto.

Ela só viu meus dedos nos teus dedos
meu nome no teu nome. E demorados
viu nossos olhos juntos nos segredos
que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
que fez tão triste a clara madrugada.

Poema: Manuel Alegre; música: José Niza; 
interpretação: Janita Salomé, no álbum «Lavrar em teu peito» (1985)

«Credo», por Natália Correia + Janita Salomé

CREDO 

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,

creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. Amém.