24.9.09

Música e política: há relação ? Votar por Portugal

Em criança ouvia falar da Política como um universo sério, que servia para melhorar a vida das pessoas, dos países.
Normalmente, a Política era acompanhada - nessa altura - por músicas que me trazem recordações de um lugar-tempo onde nos formamos e de onde crescem as nossas convicções (digo-sinto eu): infância-adolescência.

Estava há pouco a ver o "Esmiuça os sufrágios" e a navegar na net, quando encontrei um site que me remeteu para um Festival da Canção de que me lembro muito bem porque havia apenas um só intérprete; as letras sei-as ainda (quase) de cor hoje. Foi o festival de 1976, o ano de todas as primeiras eleições constitucionais após a revolução de Abril.

1976 é o ano da aprovação da Constituição da República Portuguesa em regime democrático.

A 25 de Abril de 1976 realizam-se as 1ªs eleições livres para a Assembleia da República e a 27 de Junho as 1ªs eleições livres para a Presidência da República. Em Julho do mesmo ano toma posse o 1º governo constitucional e em Dezembro realizam-se as 1ªs eleições autárquicas. A Assembleia da República ratifica a decisão do Governo para que Portugal solicite a adesão de Portugal à CEE. É pois um ano inicial, deste ponto de vista.

No festival da canção, a vencedora foi "Uma flor de verde pinho", com letra do poeta Manuel Alegre, cantada por Carlos do Carmo, musicada por José Niza e orquestrada por Thilo Krasmann.

E a que propósito estas histórias com 33 anos ? O que é que isto tem a ver com eleições deste ano ? Tem tudo a ver com convicções e com coerência e coisa nenhuma a ver com a forma como este ano (e nos últimos...) se mostra e se faz a política.

Pode ser ingénuo e questionável este raciocínio: que o seja ! Em 1976 todos queriam votar!

Não é, decerto, ingénua a presença dos políticos actuais no programa dos Gatos. "Esmiuça os sufrágios" trouxe a esta campanha - além do humor de que precisamos avidamente de nos alimentar, todos os dias, neste nosso país - uma face dos candidatos a deputados do nosso Portugal actual que já conhecíamos afinal: a sua capacidade de se desenrascarem muito bem perante perguntas adversas.

Falar é fácil, embora nem sempre corra bem a todos, como se viu ao longo da campanha. O que é difícil é exercer, com coerência, ideias de que muito se fala.

A coerência e a postura políticas claras de cada candidato e suas listas - por mais que os Gatos se tenham esforçado ! - foram escassas. "Do que não se falou quase nada foi de política."(sic Ricardo Araújo Pereira, hoje).

Trocaram-se comícios por sessões públicas; trocaram-se insinuações e insultos; esqueceram-se práticas governativas passadas - umas mais passadas, outras menos; chegou-se ao cúmulo de fazer comparações entre Salazar e ora o PS ora o PSD (conforme o falante)...

E depois há os comentadores que consideram tudo isto normal, porque nos outros países as campanhas também são todas assim. Pois é: temos sempre de copiar o pior de qualquer lado...

Assim, fico-me pela poesia e pela presença assídua na câmara de voto, com decisão tomada. Continuo a crer que são ambos - a poesia e o voto - parte da Política, do fazer, mesmo que esta seja uma ingénua forma de Política...

Votemos por Portugal, pois votar com convicção é exercer os nossos direitos políticos. Do sufrágio censitário ao sufrágio universal passaram muitas décadas e lutas - não se pode recuar!

Para as legislativas a 27 de Setembro; a 11 de Outubro, para as autarquias locais.

Amor de verde pinho...

... para ouvir e ler: com esperança feita por cada um de nós.

EU PODIA CHAMAR-TE PÁTRIA MINHA DAR-TE O MAIS LINDO NOME PORTUGUÊS PODIA DAR-TE UM NOME DE RAINHA QUE ESTE AMOR É DE PEDRO POR INÊS. MAS NÃO HÁ FORMA NÃO HÁ VERSO NÃO HÁ LEITO PARA ESTE FOGO AMOR, PARA ESTE RIO COMO DIZER UM CORAÇÃO FORA DO PEITO? MEU AMOR TRANSBORDOU E EU SEM NAVIO. GOSTAR DE TI É UM POEMA QUE NÃO DIGO QUE NÃO HÁ TAÇA AMOR PARA ESTE VINHO NÃO HÁ GUITARRAS, NEM CANTAR DE AMIGO NÃO HÁ FLOR, NÃO HÁ FLOR DE VERDE PINHO. NÃO HÁ BARCO, NEM TRIGO, NÃO HÁ TREVO NÃO HÁ PALAVRAS PARA DIZER ESTA CANÇÃO. GOSTAR DE TI É UM POEMA QUE NÃO ESCREVO. QUE HÁ UM RIO SEM LEITO.E EU SEM CORAÇÃO. MAS NÃO HÁ FORMA, NÃO HÁ VERSO, NÃO HÁ LEITO PARA ESTE FOGO AMOR, PARA ESTE RIO COMO DIZER UM CORAÇÃO FORA DO PEITO? MEU AMOR TRANSBORDOU E EU SEM NAVIO. GOSTAR DE TI É UM POEMA QUE NÃO DIGO QUE NÃO HÁ TAÇA AMOR PARA ESTE VINHO NÃO HÁ GUITARRAS NEM CANTAR DE AMIGO NÃO HÁ FLOR NÃO HÁ FLOR DE VERDE PINHO.

17.9.09

em leitura: Veneza

Descobertas e reencontros: um clássico que vale a pena ter à mão, quando se gosta muito desta cidade que não cansa !

6.9.09

Queda do Império, de Vitorino

  • Ver: aqui. Perguntei ao vento Onde foi encontrar Mago sopro encanto Nau da vela em cruz Foi nas ondas do mar Do mundo inteiro Terras da perdição Parco império mil almas Por pau de canela e mazagão Pata de negreiro Tira e foge à morte Que a sorte é de quem A terra amou E no peito guardou Cheiro da mata eterna Laranja luanda Sempre em flor.