27.5.13

Boa notícia: Mia Couto é Prémio Camões 2013!

Mia Couto é o vencedor do Prémio Camões 2013, pelas razões aqui identificadas.
Fica aqui o primeiro parágrafo de «Jesusalém», para abrir o apetite:

A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas. Eu vivia num ermo habitado apenas por cinco homens. Meu pai dera um nome ao lugarejo. Simplesmente chamado assim "Jesusalém". Aquela era a terra onde Jesus haveria de se descrucificar. E pronto, final.
Um link para uma colectânea de textos do escritor e biólogo.

19.5.13

«Amanhã», Duo Ouro Negro



Amanhã, vou acender uma vela da Muxima
Amanhã, levo para os meus santos flores de acácias
Amanhã, peço para toda gente que me estima
Amanhã, peço para o novo dia que virá ,amanhã

Amanhã,
Peço ao meu lema que faça com que eu volte
A morar na terra amada que me viu nascer

Quero chegar de madrugada
Para ver o sol raiar

Quero chegar de madrugada....... hoo
P'ra ninguém ver se eu chorar

Vou andar por aí com o meu violão
Vou à Mutamba, tomo um machimbombo qualquer
Por "ma curia a naqui" sou igual a toda a gente
Na linha da terra nova, só paro lá no Musseque.

Com a minha gente entre mufete e conversa
E de madrugada, com Catembe vou p'rá Puita.

Zag, zag, zag, zag ... Zanga-zuzi até cair ...

«Desfado», cantado por Ana Moura



Quer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum

Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais um dia
Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente

Ai que saudade
Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém
Que aqui está e não existe
Sentir-me triste
Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem
Só por eu andar tão triste

Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse"
E lamentasse não ter mais nenhum lamento
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro

Ai que desgraça esta sorte que me assiste
Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada
Na incerteza que nada mais certo existe
Além da grande incerteza de não estar certa de nada

Letra e música: Pedro da Silva Martins (Deolinda)
Repertório de Ana Moura