
E, afinal, Saramago só tem obra traduzida em 42 línguas de 53 países, por que motivo exigiria que um antigo primeiro-ministro muito - hoje pr (?) - se dignasse interromper férias ?
O Público , pela mão de Adelino Gomes, dá-nos hoje um muito bom trabalho sobre Saramago e vários depoimentos, uns mais de circunstâncias do que outros. O El Pais apresentou, ontem, outro interessante dossier sobre Saramago. A editorial Caminho também apresenta informação extensa sobre a obra aqui.
A Revista de História da Biblioteca Nacional brasileira, nº 57 (Junho 2010), ao recordar Saramago, recuperou hoje uma entrevista, de que aqui deixamos um excerto acerca do ofício de historiador e ficcionista:
"Revista de História - O ofício de historiador se aproxima daquele do ficcionista. Também ele deve ser um bom contador de histórias, embora precise embasar seu enredo em fontes e documentos. Que conselho um romancista pode dar para um historiador?
Saramago - Que não esquecesse nunca aquele começo de um dos livros do grande George Duby. Disse ele: “Imaginemos que…”. A imaginação, considerada a grande inimiga do rigor histórico, pode ajudar a aproximar do leitor matérias muitas vezes áridas."
Precisamos de Deus para quê ? Inventamos Deus, o Paraíso, o Inferno, o Pecado...

E disse que não sabia escrever para crianças, pelo que aqui se pode presenciar: A maior flor do mundo.
Como "se sabe", não se morre, deixa-se de ser visto... Ironizo, usando palavras escritas por Fernando Pessoa, que há poucos dias encontrei, para tentar ficar menos inquieta - como se isso fosse possível - com a morte de outro Homem para mim muito Maior que este; também comunista, também frontal e controverso e sempre crítico e que se não tivesse "deixado de ser visto" a 27-28 de Maio último, "no dia em que a Terra ficou maior porque o Tio Manel para lá foi" (como disse o Tomás), estaria emocionado, frente à televisão a ver todas as reportagens sobre Saramago ou a lê-las nos jornais que eu haveria de lhe comprar.
Agora vou acabar de ler o lúcido livro Caim... ontem não consegui. E vou tentar ler alguns livros que não li - é a minha possível homenagem -, desde que me aborreci a ler O Evangelho segundo Jesus Cristo, apesar de me lembrar que me ri com algumas passagens...